quinta-feira, 28 de abril de 2011

[ - Agua com Sal ]

"As pessoas morrem nunca partem de nós, eu separei-te de mim,cortei-te-me. em cinemas imaginários filmados por mãos iluminadas usei teu corpo. coloquei o deserto do teu coração rente à minha boca. lavaram-me o desespero as lágrimas que choravas no escuro. parti-te. 
estou a fazer-te luto. desejei-te tanto. discuti-te tanto
contigo. agora percebo que te atirei demais contra tantos poemas. agora encontramo-nos. eu tenho de colar-te os restos 
para conseguir ver-te para além do que trago molhado nos olhos, acabou o passeio no meu jardim interior, pleno de estátuas quebradas, as noites acabo sempre assim, abraçado ao rosto restos da pedra, agradecendo-lhe as imagens..."


Pedro Sena-Lino

domingo, 3 de abril de 2011

[ - Fragmentos Desvairados IV ]

"O que quer, pequeno?
se tuas asas são recortes de vento,
e, se me aproximo, hei de parecer pesada,
quando sou leve..."
"O querer que era grande se tornou pequeno. 
E já não me cabia mais. Decidi ir. 
Pra longe, me fazer viver.  
E parti. Parti em partes, com todas as minhas partes."

"...escolher - não gosto de me sentir levado..."


“O senhor poderia me dizer, por favor, qual o caminho que devo tomar para sair daqui?”



“Isso depende muito de para onde você quer ir”, respondeu o Gato.


“Não me importo muito para onde...”, retrucou Alice.



“Então não importa o caminho que você escolha”, disse o Gato.


“...contanto que dê em algum lugar”, Alice completou.


“Oh, você pode ter certeza que vai chegar”, disse o Gato, “se você caminhar bastante.”